#BRIDGES33

"Todo homem luta com mais bravura por seus interesses do que por seus direitos." Napoleão Bonaparte

quinta-feira, 11 de abril de 2024

O espectro e a literalidade

Se por um lado eu tenho uma dificuldade péssima em matemática não posso dizer o mesmo da minha memória fotografica ou filmadora mesmo de momentos, conflitos e sentimentos independente da idade.
Alguns cientistas dizem que as memórias de crianças vão se perdendo como 2,3 anos isso realmente faz sentido mas tenho não só memória fotografica mas uma de vídeo semântica de alguns momentos registrados que não sei porque bem gravados.
Coisas que ficam gravados de ambientes como me esconder em baixo de um sofá que refletia a luz vermelha, um sofá muito velho, sentar na grama verde na infância e me lembrar da situação condicionada dos ramos da grama passando no meu umbigo e pinicar bastante não sei se pelo excesso de formigas minúsculas ou pela adaptação a terra e ambiente.
Enfim tenho uma memória alem da curva para memórias me fazendo lembrar o nome da classe inteira de uma sala da infância marcante, das cortinas brancas de coqueiro que ficavam penduradas no quarto e balançavam ao vento enquanto aos meus olhos tudo era novidade.
Enfim, alguns olhares me penetravam e ficavam registrados.
Um dos olhares que ficou penetrado em mim foi da tia Cláudia eu não sei se em 1994, 95 ou 96 mas esses anos ficaram gravados muitas coisas.
A minha sensibilidade estava a flor da pele, eu sentia muita coisa que eu não entendia, enquanto eu brincava não sei de que na casa da minha avó no JK ela me olhava de um jeito que pra mim criança ficou muito marcado e registrado e até hoje tento compreender o importante foi que minha sensibilidade conseguiu arquivar a situação.
Quando você é criança, ninguém te olha com atenção, você se mistura no meio das outras e é camuflada pelo bando de crianças.
Com o passar do tempo com as curvas da mulher se acentuando ou com os ombros dos homens alargando os olhares sociais de alguns começam a ser mais ambiciosos julgando interesse ou possibilidades, "foi uma longa parte isso pra mim e adolescência bem tardia , porque não me encaixava em nenhum desses grupos e fui aos poucos tentando remendar a Emília Dudu que eu era dentro de mim."
Enfim , voltando ao aspecto importante de olhar, ela me olhou de uma forma que eu como criança não estava acostumado, com o olhar longo não sei se de questionamento, de surpresa ou se realmente já via que eu tinha algum transtorno que nem ela entendia, sei que na época a moda era ter aqueles bonecos Power Rangers que viravam a cabeça e eu só pensava nisso, eu queria no fundo ser a power ranger rosa só não falava pra ninguém porque eu sabia que ninguém aceitava porque a Power Ranger rosa só podia ser as garotas e aí eu tinha de ser o azul ou vermelho mas nem a amarela me satisfazia eu queria a rosa a minha favorita.
Também só agora me passou a possibilidade na cabeça, de como as coisas de família são de que ninguém deve falar se sua própria família não quis falar por ser escândalo, que ela soubesse internamente que eu era filho do namorado dela com a irmã louça dele, pensa que cabaré, realmente isso é possível.
Na época a tia Cláudia era uma mulher bonita e gostava de esmaltes vermelhos ou escuros e unhas longas, andava inclinada na garupa da moto do meu tio ou pai sei lá, que loucura.
Gente, isso ainda é uma hipótese pode ser que eu esteja realmente enganado e esse João que não existe seja meu pai mesmo.
Como toda criança na época os desenhos animados eram minha paixão antes dos Power Rangers de 96/97 acho que 95/96 eu amava os mutantes X-Men era uma hora que eu me perdia na tv concentrado e uma mutante em especial que me identificava demais a Vampira.
Ela não podia tocar as pessoas porque isso matava e ela tinha vontade de se relacionar mas não podia e eu vivia isso internamente já de não entender, de saber que eu gostava de garotos , que eu queria já beijar e tocar garotos mas era proibido porque eu deveria ter essa relação com meninas.
Sim, com 6 ou 7 anos eu já tinha certeza que era homossexual, gay ou alguma coisa.
Meus conflitos internos que eu tinha que encarar sozinho, na época psicólogos não eram tão acessíveis, a homossexualidade muito velada pois Renato Russo e Cazuza acabavam de morrer de uma doença sem cura na época.
Autismo? Era muita frescura e falta de estudo pra época.

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