Gente, bom dia, estou vivendo um processo muito doloroso de aprendizado tem dias que acordo com um lado do rosto todo inchado de um dente machucado que tenho e não tenho condições de arrumar ou a quem pedir socorro.
Uma coisa me incomoda muito nas pessoas a importância do que chega e o descaso com o que vai, pra mim tudo é valoroso a folha mais antiga ao broto que vai florir.
As pessoas querem acolher pés de bebês mandam muitas fotografias de roupas e enchovais e se esquecem que tem alguém que independente da personalidade teve sua história entre nós.
Ah eu falar verdade pra vocês, pra mim tanto faz o significado religioso das pessoas, eu tenho coragem de mijar na estátua de Jesus pra você ter ideia.
O que me machuca é o descaso de alguém que foi importante só pra mim, tipo dia 18 de agosto é aniversário da minha avó e vou lá e aquele túmulo vai tar do mesmo jeito, uma pessoa com tantos filhos, jogada que nem um cachorro num buraco, o outro que tá lá não sei qual é o tipo de mágoa familiar que existiu mas não tem uma placa ou data.
No dia que fui lá a moça do cemitério falou que a família não trouxe nem os documentos da minha avó.
Olha eu acho que é um adubo orgânico que vai a terra, quando morremos acabou, por isso acho mais fantástico as cinzas, ocupa menos espaço.
Mas quando relembro todas as histórias e momentos que vivi com minha avó, eu gostaria de colocar uma placa simples lá.
Eu ando chateado com todos, gente para de pagar fralda pra bunda que não para de cagar e honra a memória de alguém que já esteve entre vocês.
Eu tenho certeza pessoal e isso é uma das coisas que mais me dói que minha avó seria a única a levar uma flor no dia do meu aniversário também, a única que pagaria pra colocarem uma placa com meu nome na terra do descaso.
Eu tenho que fazer alguma coisa, não posso deixar a memória da minha avó nesse descaso, ela existiu, foi minha mãe, meu refúgio, minha melhor amiga.
Talvez se eu pegar esse adiantamento do FGTS vou pagar uma placa pra ela.
Ai eu não sei porque tá no túmulo do outro e ninguém tá nem aí, aí eu não sei se tenho que fazer uma em respeito a memória de Emílio também, porque acho sacanagem.
Ai tem gente que fala, aí tenho nojo de mecher na terra do cemitério se eu não eu arrumava lá pra você, mas não tem medo de ficar rodeado de crianças futuras psicopatas ou assassino vivo.
Eu tenho medo dos vivos e não dos mortos, é toda uma repulsa insignificante que temos de desvalorizar coisas nobres e de avantajar coisas divinas que não existem.
Houve dias meu de passado que naquele mesmo cemitério na minha adolescência pratiquei atos de desrespeito com os próprios mortos mas isso foi ao nada pois a família nunca saberá como minha história.
Num show de metal conheci Daniel um rapaz tão meigo e amoroso, ele queria me abraçar na frente do pessoal eu que disfarçava.
Ele tinha os cabelos cacheados muito pretos e os olhos cor de jabuticaba sem nenhum traço marrom, o olho dele era tão negro que combinava com a magia da adolescência que eu vivia, um corvo, em contraste com a pele tão branca se tornava o rapaz perfeito para o rapaz afeminado de cabelos loiros tingidos e olhos castanhos amendoados.
Nessa época eu e Julie uma amiga minha negra e Jéssica vivíamos em shows de metal e aventuras de idade, as bandas e sons tinham som sombrio, orquestrado e pesado.
Julie conhecia também outro rapaz o Marcos enquanto eu namorava Daniel.
E fomos para esse cemitério onde minha vó está enterrada lá no túmulo de alguém eu e Daniel fazíamos sexo a base de muito álcool e Julie e Marcos do outro lado em um túmulo diferente.
Renan outro rapaz que estava com agente arrancava as cruzes mais lindas que encontrava e encaixava na sua corrente de metal no pescoço.
Voltando ao meu presente eu nunca imaginei que minha avó estaria ali, outras vezes depois fui lá em dias de finados sem ter ninguém lá só por cultura.
Uma vez caminhei todo de preto pelos túmulos olhei as datas os nomes e existia uma pessoa lá com o nome igual o meu, existia uma casinha, parecia uma capela abandonada estava cheia de teia de aranha e sujeira sem temer nada eu limpei todo o túmulo com as minhas mãos e acendi velas dentro da capela aonde existia teias de aranha.
O túmulo não recebia visitas a muitos anos.
Se no último tratamento de dentista que minha mãe pagou com muito custo a dentista tivesse feito só a extração eu estaria mais tranquila mas não fui arrumar um dente e ela colocou um lazer na minha boca inteira que soltou todas as minhas abturações antigas dos anos 90.
Como deve fazer todos os pacientes dela deve detonar os dentes pra ter retorno, eu pensei até em falar mas achei que era loucura da minha cabeça e que ela sabia o que fazia agora tô aí a boca toda machucada.
Talvez ranço sozinho todos meus dentes de trás pra ter paz, tenho nem quem pedir socorro minha mãe trabalha de doméstica e ajuda uma idosa e dinheiro dela mal tá dando o pacote de arroz.
Mas, vou aguentando.