Estou aqui na empresa, ainda falta uma hora pra minha entrada, estou escrevendo nesse momento tudo que está nesse texto em uma folha de papel a mão.
Depois passo pra cá, estou na escala 6 por 2 então acho que minha folga continua e será segunda e terça, nessa folga quero continuar arrumando minha documentação para me chamar Eduard.
Eu não sei se falar pra moça lá que já tenho a escrita dele assinada que moro na casa dele vai resolver.
Pra que tem que ir pessoalmente no cartório?
Só pra ficar mais difícil? Porque é constrangedor, eu vou falar pra moça lá a verdade que nossos horários não batem e que ele não tem a mínima vontade de me ajudar na alteração do meu pré nome.
Da outra vez que fui ao cartório a moça me falou que o documento de escrita valia, agora mudou parece que varia de atendente pra atendente.
Ontem me cadastrei numa promoção da caixa econômica que falava que a cada 200 reais depositados na conta você concorre a prêmios de até um milhão. E quem sabe tô tentando de tudo.
Vocês não tem noção como esse diário virtual me faz bem, falar tudo que eu sinto, já que não tenho dinheiro pra terapia e o tempo é muito pouco pra sair com detalhes e interesse verdadeiro como nesse texto.
Quero juntar dinheiro pra comprar minha casa.
Meu pai teve a capacidade de dizer que tem coragem de me ajudar comprar um lugar pra mim morar deixando claro frases como "Quero que você saia daqui." ou "finjo que ajudo pra você sair e você se vira sozinho."
Financeiramente ele nunca me ajudou e nem nunca teve condições, moramos num conjunto habitacional doado pelo governo há décadas.
Eu não estou afim de ser Enivande ou Nem ilhado na casa de mãe falecida.
Quero sair, qualquer coisa moro na rua ou procuro assistência social por ajuda mas não volto.
Depois que minha avó morreu muita coisa abriu meus olhos, ontem peguei a placa com foto pra mim por no cemitério agora preciso achar algo barato pra pôr porque não dá pra mim pôr mármore de mil ganho salário mínimo.
Desde que minha avó se foi nunca mais vi sentido de ir a casa dela, aconteceu em mim um desmembramento familiar me separando de todos e me deixando ligado só a minha mãe.
Diferente de mim, comecei enchergar coisas que eu não entendia na minha inocência.
Eu achava que meu tio morava ali por que queria estar perto da minha avó mas entendi que aquele convívio era político e monetário.
Ele usava a minha avó, senhora de idade pras camuflagens perigosas de agiotagem dele, tanto que depois que ela morreu ele continua lá do mesmo jeito na sua vida perigosa usando agora a filha esquizofrênica dela e um adolescente provavelmente sem futuro que tem a missão de tentar sustentar a própria mãe.
Isso nem me importa mais, quero que eles se fodam, tomei nojo da cara desse monstro que tem muitos filhos espalhados por aí sem assistência.
Minha mãe morrer eu não vou ficar aqui nessa casa, isso é horrível.
Meu pai como os homens são com um mês vai arrumar outra mulher e por aqui dentro e eu vou fazer o inferno pra ela sair daqui porque vou odiar ela já que ele não respeitou nem meu luto pra satisfazer a sede de sexo.
Mas ele sacava a aposentadoria dela a última ele embolsou e não teve coragem de mandar fazer uma placa pra ela, tá lá jogada numa terra igual joga cachorro morto, indigente.
Eu estou colocando o nome dela lá naquela terra, porque sei que ela seria a única que levaria flores ao meu túmulo.
Por gratidão.
Gente, vocês não sabem como eu ficaria chateado se descobrisse que um monstro desses é meu pai porque vejo possibilidades.
A minha avó era solitária e guerreira como eu, ela jamais cuidaria de um filho de outra filha como se fosse seu filho como fez comigo se não fosse um motivo de grande laço afetivo.
Isso foram coisas que foram abrindo na minha mente durante os anos de análise, de sofrimento psíquico, as vezes na rua vendendo água mineral no sinaleiro e minha avó me ligava com a voz angustiada falando que o Nem tinha acidentado eu pensava na minha cabeça fingindo dar atenção "o que eu tenho haver com isso?"
O que me parece que esse João que ninguém sabe realmente aonde tá ou foi parar foi uma desculpa pra ter uma resposta da onde eu vim, pra justificar a resposta feia da verdade do fruto proibido que a EVA comeu.
Tenho a teoria do estrupo também.
Que eu sei é que tenho lados muito deficientes internos que só eu sei o sofrimento.
Minha mãe está fazendo exames desde que parou a medicação do câncer a menstruação dela não para de sair desde que parou o remédio parecendo emorragia e ontem tava muito estranha com dor no peito.
Gente eu tô desesperado e triste porque tá parecendo que eu nunca vou saber a verdade porque quem sabe de algo tá tudo morrendo.
E o lema da minha vida é conhecer minha outra metade biológica pra entender muita coisa minha.
A raiva da minha mãe é justa e entendida psicologicamente visto que ela não teve consideração pela minha verdade só viveu a relação dela e me encaixou no processo mas existe toda uma situação minha fora dessa relação, vim antes e tem uma história nisso tudo.
Eu me sinto como aqueles escravos que trabalhavam nas senzalas dos senhores muitos que eram filhos dos próprios senhores com suas mães negras em segredo mas nunca podia ser dito.
Por esses lados pesquisando em trabalho ela trabalhava na Marisa psicóloga que é casada com Marcelo veterinário.
São muitas as teorias e possibilidades o que eu sei é que é triste você não saber sua origem.
Eu fico imaginando como é triste as pessoas do orfanato que são abandonadas e não sabem nada nem do pai e muito menos da mãe aí é pior ainda.