#BRIDGES33

"Todo homem luta com mais bravura por seus interesses do que por seus direitos." Napoleão Bonaparte

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Maré e ensejo

14/11/2019
18:32

Chego vomitada as margens da praia com a felicidade de ter sobrevivido.
O mar me repulsou na areia e minha chegada parecia como uma nova vida.
A pele úmida e molhada com alguns grãos de areia colados pelo corpo me desejando as boas vindas como um filhote de cadela que chega ao mundo envolto naquele liquido nojento.
Tudo novo, não levei e nem trouxe nada daquela vida sonhada minha de profissional decente incluída na sociedade. Essa sim havia morrido deixando somente a primata mais infantil e sincera que existia em mim.
Isso me fazia sorrir, um novo livro mesmo depois de acordar e ter A mente de Hitler e Crônicas Vampirescas de Anne Rice do lado da minha cabeceira.
Quando juntei tudo isso e trabalhei o momento comecei a ver os poucos fragmentos quenrestaram do meu outro mundo e que foram mera ilusão.
Num banheiro público me encontrei com um colega e desabafei o final do papel toalha que estava na parede parecia que tinha que ser todos meu para me consolar de tanto vento e areia em insignificância. Eu o arranquei todo como se puchasse para dentro do meu coração e no final levei um pedaço para Adriano que estava na portaria e havia se cortado ao barbear. E você sabe o nosso feeling para liquidos nessa região. Isso foi antes ele já havia me pedido e a parte de papel dele foi dobrado delicadamente não dando espaço a minha fracassada e sonhada vida passada.
Vida que segue.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

REENCONTRO E COLHEITAS

05/11/2019
13:54

Suas mãos me transmitiam tanto carinho, meiguice minha e afeto não coomprendido que durava décadas.
Era um encontro de todos nós no qual quem realmente semeou vento colhia tempestades interessante observar também que sementes mal plantadas, não desejadas ou que surgiram de improviso ou que geralmente não sabem sua origem de espécie também não podem se consolar a boas previsões, sempre fica aquela dúvida pior de todas. Aquela falta de história de respostas.
Vem dentro de mim a dor de vários, gosto de assistir a Escrava Isaura da Record e olha que lá tá romantizado mas imagina quantos negrinhos bastardos não cresciam tendo o sangue nobre do pai sem apoio ou consolo?
E daí vai mais uns quinhentos de subjetividade, os que tratavam como merda de tantos que já haviam feito por ai, ou afeto secreto por manter a decência de uma cultura aonde o respeito e moral deveriam reinar.
Uma moça com filhos solteira era uma desonra quem dirá um filho com uma escrava que tinha curvas acentuadas que não encontrava na sua senhora.
Surge como um vício e é mais atual que se pensa, aliança só simboliza o pênis continua lá e o difícil na traição é só a primeira vez depois tudo se naturaliza demais.
Depois de analisar um longo processo interior de sementes e colheitas voltei para minha análise, eu estava colhendo a pior tempestade.
Estava quase desenganada pelos medicos e não sei se falaria ali aonde parecia retornar tão forte o afeto de adolescência e amizade reflexiva.
Ele exibia seu sucesso em empreender, a outra sua relação internacional além de filhos e apoio social, a outra com um casamento rebelde assumido e tentando dar independência a isso e eu ?
Perdida, com sintomas terríveis e tinha acabado de desistir de uma graduação de psicologia que tinha sido pior que um filme de terror. Só isso.
Me calar, seria a melhor resposta pra não ficar feio, falavam também de suas casas, famílias e eu ainda estava acolhida na casa dos meus únicos heróis que ainda tinham paciência comigo meus pais.
Um pedreiro e uma doméstica, ele com o pescoço escuro de tanto sol e ela cansada já da rotina lutando pra ter mais paciência comigo.
Apesar de tudo tanto amor em mim.
Parece que a Fênix Negra me selecionou a dedo e sou a Jean Grey nessa história da vida real.