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"Todo homem luta com mais bravura por seus interesses do que por seus direitos." Napoleão Bonaparte

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Angústia 2023 / parte 2

Eram 3:38 da manhã de uma segunda feira dia 23 de outubro e eu datava e começava a escrever uma carta que eu colocava tudo que eu tava sentindo pro Eduardo.
Ele é o técnico de produção lá que olha o pessoal das estufas e da manipulação.
Como todos os dias agente data números calendário e tal e horas agente sempre tá ligado em que dia é no calendário.
Não dá ali pra acontecer igual era na loja de só me importar em olhar no calendário quando chega a sexta feira porque a atenção é redobrada e um erro de data te faz fazer uma assinatura com seu primeiro e segundo nome.
O meu atualmente venho assinando "Eduard Bragança " na carta eu contava tudo para o Eduardo eu dizia a ele que se a documentação vale 50% do que eles precisam eu não estava entregando e provavelmente não conseguiria entregar o que eles esperam de mim como funcionário.
Era nítido sim que eu estava transtornado na carta mas eu estava e estou mesmo.
Nas últimas reuniões antes de começar o turno o Eduardo dizia que estava ficando até 7 horas por causa de ordens de produção e que a documentação deles não era coisa de outro mundo.
Falei tudo o que eu pensava sem medo de nada, falei a ele que a documentação não era coisa de outro mundo mas que eu não dava conta e que a matemática foi minha dificuldade por toda infância que no ensino médio as professoras me passavam pra ajudar porque claramente eu não entendia era nada.
Como não poderia faltar traços psicológicos na minha carta para me ajudar nela coloquei algumas considerações sobre a personalidade do Eduardo fazendo assim que a minha carta não soasse tão pesada e negativa.
Eu comecei a minha carta elogiando o bom profissional que ele é e elogiando o bom corpo físico dele de academia e elegância que como todos nós sabemos na psicologia essas pessoas que vão a academia e tem músculos inchados fazem tudo isso para que as pessoas as notem e elogiem.
Elas tem o ego e necessidade maior do que as outras de serem admiradas por todos e por muitos, isso no início da minha carta foi importante porque a minha relação com ele sempre foi muito fria e ele sempre achou que eu não falava nada , inclusive essa era uma das coisas que ele me cobrou , socialização com as pessoas.
E depois comecei colocar no papel tudo o que estava sentindo.
Prendi a carta dobrada num fixador de cracha que fica abaixo do cartão que uso para entrar na empresa com meu nome.
Ao chegar na empresa aquela angústia de todos os dias, o ônibus está chegando mais tarde então estou preferindo nem tomar café da manhã lá porque se eu tomar fico pesado o dia inteiro.
Ao entrar lá fui preencher os cadernos de monitoramento de pressão das estufas porque só eu estou fazendo e é a coisa mais fácil pelo menos isso eu dou conta.
Quando estava me vestindo coloquei o cracha com a carta abaixo do colete preto que agente usa pra não machucar muito a coluna e fechei bem apertado pra ninguém ver. 
Entrei na área da manipulação com o colete apertado e com a idéia na cabeça que teria que entregar a carta para o Eduardo no melhor momento possível, ou seja na hora que todo mundo fosse pras estufas e cheios de funções depois das reuniões quando eu passase por ele ou quando ele tivesse na mesa do corredor preenchendo papel.
A carta era importante porque tava tudo ali sem faltar nada, sempre quando eu falava alguma coisa não dava tempo de falar direto porque tudo é muito rápido e corrido e eu chegava em casa e pensava.. " ficou faltando isso. " nossa, eu tinha que ter falado isso de outra forma" não, na carta estava tudo certinho e não tinha como dar errado.
Na minha cabeça passou vários momentos vontade de desistir da carta eu pensava tipo : "pra que isso? Ele sabe de tudo." ou " ele vai me achar imaturo e vai achar que estou escrevendo uma cartinha de amor e nem vai pegar e vou passar maior king kong da minha vida, outro né depois de milhões já pagados.
Enfim, depois de carregar a estufa 3 e evitar colocar meu nome na porta eu vi ele bem na entrada do corredor sozinho quase pegando no celular e pensei momento perfeito.
Sem olhar no rosto dele parei na frente dele de lado como se já estivesse prestes a correr e disse "escrevi isso pra você " abri o colete e fez aquele barulho KRSSSHHHH quando fui pegar o papel tava nervoso que nem saiu na primeira puchada, fechei o colete e segui pro que ia fazendo sem olhar pro rosto dele nem demorou uns dez segundos e o Diogo tava chamando ele.
Ele pegou o papel meio sei lá sem entender, e pra piorar eu ainda fiz pra emplicar ainda mais num dos lados do papel , não sei se em cima ou embaixo da carta um coração pequeno sem dizer nada, mais outro trunfo psicológico pra dar mais mistério e significado.
Continuei fazendo tudo como se nada houvesse acontecido, enfim estava tranquilo agora o Eduardo sabe de tudo mesmo e é até mais fácil pra ele resolver ou tomar qualquer decisão que inclusive possa me ajudar.
Depois de algumas horas eu passava no corredor e ele só falou meio aterefado, "depois agente tem um bate papo" e falei beleza fazendo as outras coisas.
Daí pra frente, eu sei é lá o que mas eu tava com vontade de enfiar minha cabeça na terra igual avestruz e tava fugindo dele disfarçadamente.
Deu a hora do almoço e lá tipo assim, cada um faz seu horário voltando na hora certa.
Eduardo é um cara que não fica em cima das pessoas em nada mas sabe como tudo funciona porque já foi manipulador. 
Ao passar pelo vestiário me deparo com ele sozinho quase nu só de sunga vermelha super forte no corredor antes do meu e passo correndo sem falar nada e fingir que nem olhei e ele ao me ver também parecia ia falar algo mas nem sabia o que e nem dava tempo de tão correndo que eu passei por defesa, "ainda bem."
O dia foi passando ele parecia ter comentado com o Lucas o rapaz que o olha lá agente e tem mais tempo porque no final do turno o Lucas veio falar tipo umas coisas que deu pra sacar que o Eduardo tinha falado com ele.
De novo eu contanto pro Lucas, que tenho dificuldades com matemática e que já perdi muita coisa por isso. 
Dessa vez fui fundo contei ao Lucas da oportunidade que tive de gerenciar uma cafeteria numa das ruas importantes da minha cidade e que perdi tudo porque depois de alguns dias o antigo gerente tentando me passar as funções de caixa me achou muito fraco e inseguro com números, passados alguns dias eu via uma universitária super inteligente que já comandava outro pub de cerveja para jovens na rua do Brasil Park Shopping sendo treinada do meu lado, pegando dele tudo que ele já havia me ensinado.
Naquele dia só Deus se existir sabe o que senti uma sensação horrível de garganta seca com vontade de sair correndo dali.
Enfim o Lucas conversava comigo e me falava que o Eduardo gostava muito de mim e que eu era uma pessoa que nunca fica parado e que sempre tava tentando resolver algo lá e que as vezes essas coisas aparecem na vida da gente pra gente enfrentar e vencer e que se a matemática era meu monstro que eu encarasse mas que dependia também se aquilo não me torturaria muito porque tem meu lado e também entramos em acordo no que eu tenho que entregar pra ele como empresa.
Eu falei pra ele que não quero continuar lá passando vegonha tipo toda hora de ter que ficar chamando eles pra resolver minhas contas e números sendo que ninguém tem paciência com os deles mesmo.
Não, o Kesse tá um saco de paciência comigo, já que ele é bom de documentação tá de zero paciência comigo, então eu falei que vou tentar aguentar até onde der e que se não der certo eu tentei o IMPORTANTE DE TUDO: que fui honesto e sincero com o que dou conta ou não o pior é eu fazer tudo errado só por fazer pra mostrar que dá conta e isso não ser verdade, até porque deve ter alguém que confere as contas e números sei lá. 
Em todos os trabalhos que eu passava eu sugava as melhores habilidades pra colocar no que ia levar pra próxima oportunidade da minha vida e da loja tem muita coisa tipo a rotina todos os dias eu quero um padrão bom de repetição pra não ficar aquela coisa desregulada e bagunçada de comportamento, isso inclusive me ajuda me equilibrar já que tenho que encarar tanta gente e tantas situações inesperadas que saem da rotina.

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